Por volta do século
XVIII, Reguengos desdobrava-se em duas aldeias, a de Cima e a de Baixo,
sendo que nesta última existia uma ermida dedicada a Santo António.
Depois estas aldeias sofreram um grande impulso demográfico e
urbanístico, sobretudo o núcleo formado em torno da ermida de Santo
António, que ficou patente na ação dos seus moradores no que toca à
pastorícia, aos lanifícios e à lavra das vinhas. Estas ações marcaram
definitivamente o desmembramento das aldeias dos Reguengos face à
freguesia da Caridade, que conduziu, em 1752, ao pedido de
estabelecimento da nova freguesia de Santo António dos Reguengos, algo
que viria a ser instituído ainda nesse ano.
No
século seguinte, o explosivo salto económico das aldeias dos Reguengos –
derivado da laboração da fábrica de lanifícios, fundada por José Mendes
Papança, e o parcelamento de terras nos arredores de Reguengos e a sua
ampla distribuição pelos antigos foreiros da Casa de Bragança –
constituiu uma força de progresso técnico e desenvolvimento da vila que,
a par do crescimento populacional, está por trás das bases
administrativas que conduzem à primeira transferência da sede de
concelho de Monsaraz para a Aldeia dos Reguengos, facto que ocorre no
dia 17 de abril de 1838. No entanto, as disputas entre Monsaraz e a Vila
Nova dos Reguengos – criada, então, por alvará da rainha D. Maria II
(1840) pelos serviços prestados pelos moradores de Reguengos à sua causa
– só cessaram em 1851, altura em que o concelho fica definitivamente
sediado em Vila Nova dos Reguengos, pondo fim às sucessivas mudanças que
ocorreram durante este período. Este é o momento de viragem para as
gentes de Vila Nova dos Reguengos.
Em
1852, aparece com a sua própria comarca e tem início o primeiro mandato
de Manuel Augusto Mendes Papança, a maior personalidade do concelho (foi
Presidente da Câmara Municipal entre 1852-1865, 1868-1871 e 1876-1877).
É durante o período de vigência de Manuel Augusto Mendes Papança que a
vila sofre grandes alterações urbanísticas. Desde logo, delinearam-se
novas ruas compridas, adaptaram-se os antigos caminhos e dotou-se a vila
de um novo centro. Com efeito, o principal centro da vila deslocou-se
da Praça de Santo António para a Praça da Liberdade, onde foram
construídos os novos Paços do Concelho (inaugurados em 1869). Seria
também nesta praça que se viria a edificar a nova igreja, cujo projeto
de António José Dias da Silva data de 1887.
Outros
edifícios indispensáveis para regular o funcionamento da Vila Nova dos
Reguengos foram construídos, tais como o Hospital (1871), novos poços em
vários locais da vila, o Matadouro Municipal (1871), o Cemitério (1866)
e o calcetamento das ruas (1871). O surto urbano foi devidamente
acompanhado pelo desenvolvimento agrícola e pela instalação de
indústrias de panos, vitivinicultura e olivicultura.
O
Presidente da Câmara, Manuel Papança, foi um dos incentivadores deste
projeto, criando uma comissão de grandes proprietários para proceder à
compra de uma grande área de terrenos da Casa de Bragança em Reguengos,
de forma a dividi-los em courelas, com o propósito de serem distribuídas
pela população a baixos custos, atendendo à condição da plantação de
vinhas (1 milhão de cepas foram plantadas), desenvolvendo
prodigiosamente a produção vinícola nesta região.
Esta
expansão do final do século XIX contribuiu para unificar os núcleos de
Reguengos de Cima e de Baixo. Caraterístico da mudança do século é o
aparecimento de unidades industriais, como as moagens e a nova central
elétrica (1904), que se adaptaram aos antigos edifícios abandonados.
A
acompanhar este crescimento industrial, aparece neste início de século,
a estação de caminho-de-ferro, que iria revolucionar os transportes de
pessoas e de mercadorias e, principalmente, alargar o núcleo da vila com
uma artéria de ligação que pouco a pouco era rodeada de casas de
habitação. No dia 9 de dezembro de 2004, Reguengos de Monsaraz é elevada
à categoria administrativa de cidade.