O
Município de Reguengos de Monsaraz vai integrar a Associação Portuguesa de
Cidades e Vilas Cerâmicas, que vai ser constituída no dia 17 de abril, às 11h, em
Mafra, com a assinatura da escritura pelo grupo fundador de 14 autarquias. A
associação será inicialmente formada pelas autarquias de Alcobaça, Aveiro,
Barcelos, Batalha, Caldas da Rainha, Ílhavo, Mafra, Montemor-o-Novo, Redondo,
Reguengos de Monsaraz, Tondela, Viana do Alentejo, Viana do Castelo e Vila Nova
de Poiares e tem como objetivo promover e preservar a cerâmica portuguesa.
A sede da Associação Portuguesa de Cidades e Vilas Cerâmicas vai ser
nas Caldas da Rainha e a presidência no primeiro mandato será assumida pela
autarquia de Mafra. Com a concretização da associação, Portugal integrará o
Agrupamento Europeu de Cidades Cerâmicas, entidade que estará presente nesta
cerimónia com os representantes de Itália, França, Espanha, Roménia, Alemanha e
República Checa.
O Centro Oleiro
de S. Pedro do Corval, no concelho de Reguengos de Monsaraz, tem atualmente 22
olarias em funcionamento, entre as quais duas oficinas que se dedicam
integralmente à cerâmica de construção, uma maioritariamente à louça tosca ou à
louça vermelha vidrada, e as restantes à louça decorativa, embora mantenham
sempre a possibilidade de fazerem louça vermelha vidrada. Em S. Pedro do Corval
continuam a pintar-se os motivos típicos do Alentejo, como por exemplo o
pastor, a apanha da azeitona e a vindima.
A cerâmica no concelho de Reguengos de Monsaraz
surgiu na pré-história, tendo sido descobertos vestígios de olaria em antas da
região, nomeadamente de peças feitas à mão. Em
1276, D. Afonso III, no foral Afonsino de Monsaraz, reconhece privilégios aos
oleiros do seu termo que poderiam assim ter livremente fornos de olaria.
No foral
Manuelino, de 1512, também há referência à olaria do concelho, e já em 1905 S.
Pedro do Corval teria cerca de 30 oficinas em funcionamento, havendo a
distinção entre as de louça miúda, as de talha para o vinho (seriam quatro) e
as de tarefas para a aguardente (seis), o que demonstra também a importância da
localidade na produção vinícola.
A olaria de S.
Pedro do Corval é uma marca registada, pois a autarquia registou em 2008 no
Instituto Nacional da Propriedade Industrial as marcas nacionais “Olaria de São
Pedro do Corval”, “Rota da Olaria”, “Rota dos Oleiros” e “Olaria”. Há 24 anos,
o Município de Reguengos de Monsaraz começou a organizar a Festa Ibérica da
Olaria e do Barro em conjunto com o Ayuntamiento de Salvatierra de los Barros,
juntando o centro oleiro desta localidade na Extremadura espanhola ao de S.
Pedro do Corval.
Uma homenagem viva à arte da olaria
através de exposições, demonstrações ao vivo, jornadas ibéricas e música
tradicional, pretendendo-se valorizar a olaria, chamar a atenção para o seu
valor artesanal e artístico e apontar estratégias para o seu desenvolvimento
económico e profissional. Este evento transfronteiriço de promoção cultural e turística da
olaria é organizado em anos alternados em cada município.
Em
2015 foi inaugurada a Casa do Barro – Centro Interpretativo da Olaria de S.
Pedro do Corval para preservar, promover e assegurar a sustentabilidade da
olaria do concelho, proporcionando a todos os visitantes o conhecimento e a
aprendizagem sobre a arte oleira e o barro através de oficinas, palestras e
outras atividades. A Casa do Barro resulta da reabilitação de uma antiga olaria
envolta em história e tradição, com dois fornos a lenha que serviam para cozer
a louça, um tino onde se coava o barro e rodas de oleiro com as suas imponentes
arquinas. A recuperação deste local permitiu recriar o ciclo do barro, desde a
terra ao produto final.